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Ego

Com ínfima forma e estrutura, De sombra em sombra se movimenta Cabeça baixa, tão quão sua altura Adiando sua morte, violenta Olhar fosco, para a frente (sempre) Pele pálida como a neve (fria) Passos lépidos, apesar do peso Suas costas curvadas não mentem Seguir o vazio é sua sina Sonhar com o infinito, sua pena Abandonou a esperança (aquela mentira) Toda noite uma nova cela Fragmentos de memórias por onde anda Outrora vivas, agora cinzentas Não há luz no fim do túnel À este verme que se apresenta

Há muito deixei de acreditar nos deuses

Há muito deixei de acreditar nos deuses Já perdi a inocência do olhar Meus dias se passam em meses Meus anseios em piscar Esqueço a cor do sonho Caio em época doente Tinjo os olhos de vermelho Enegreço minha mente Descorçoado, caminho Cabisbaixo, sigo em frente Sei que no fim estarei sozinho Deve ser coisa de gente Pergunto à vida por que tal dor me traz Não a trago, nem a levo. Em todos ela jaz

Resquícios de uma Luta

Outra hora se passa Menos vida Mais nada Dor cotidiana não tarda Cabelo no rosto Lágrimas escassas Passos lentos Cabeça baixa Se apoiando Capengando Caindo E no chão Ficando

Haiku

Igual folha seca Em rígido chão caio Duro como pedra

Sobre a Areia

Cada passo nessa areia Deixa uma marca cinzenta Cada marca ali, deixada Uma memória fomenta Nessa orla de infinito ouro Minhas marcas vou deixando Até que a maré suba e as apague Não sei dizer quando Se soubesse esta data A da morte de minhas memórias Olharia mais para trás Revisitaria várias histórias Vou adiando tal vislumbre Porém meus passos jazem curtos Minhas pegadas estão mais leves Já não tenho pés robustos Ainda me resta um conforto Sobre o fim de minhas marcas, cinzentas Quem sabe tal areia um dia vire De outras vidas, ampulhetas

Meu coração é um poço raso

Pouco se tira o esvazia Pouco se deposita o transborda

Desabafo

Versos fracos Palavras modestas Caminhando em cacos Rimas funestas Sempre atrasado Nunca sou visto Desarmado grito: Eu desisto!