Admirável Criatura Nova

Dizem que poetas precisam de amor
Que sua inspiração vem da dor
Discordo e concordo simultaneamente
Preciso do amor onde a dor não se sente

Amar nunca foi sofrer
Os opostos não são obrigatórios
Como para perder não precisa-se ter
Evito céus, infernos ou purgatórios

Sempre haverão dois extremos
Dentre os quais devemos escolher
Escolhemos o que conhecemos
Morremos por não sabermos viver

Concentrar-se na dor é bobagem
Uma hora acaba a maquiagem
Movimentar-se é mudar
E só mudando podemos continuar

Vejo a necessidade de exaltar a vida
E as maravilhas que nela estão
Correr para cair em seguida
Mas levantar, pois não foi em vão

Uma velha armadura destruí
Era desnecessária, só pesava
Meu arco de maldade parti
E as flechas queimei junto à aljava

Vejo agora que minha proteção era inútil
Ela só me fazia fútil
Me enganava a todo momento
A felicidade me sorria, mas eu só via o sofrimento

As dores e angústias jogo fora
Preciso de espaço para o que importa
Pois creio que onde a tristeza mora
A felicidade evita bater na porta

Talvez esse seja o início
Que atrasou, mas enfim chegou
O esperado fim daquele vício
Que por tantos anos me flagelou

Com estes versos loucos selo a mudança
A ressurreição da velha criança
Os olhos brilhantes e curiosos voltaram
As correntes, enfim, se quebraram

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