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Mostrando postagens de março, 2013

Admirável Criatura Nova

Dizem que poetas precisam de amor Que sua inspiração vem da dor Discordo e concordo simultaneamente Preciso do amor onde a dor não se sente Amar nunca foi sofrer Os opostos não são obrigatórios Como para perder não precisa-se ter Evito céus, infernos ou purgatórios Sempre haverão dois extremos Dentre os quais devemos escolher Escolhemos o que conhecemos Morremos por não sabermos viver Concentrar-se na dor é bobagem Uma hora acaba a maquiagem Movimentar-se é mudar E só mudando podemos continuar Vejo a necessidade de exaltar a vida E as maravilhas que nela estão Correr para cair em seguida Mas levantar, pois não foi em vão Uma velha armadura destruí Era desnecessária, só pesava Meu arco de maldade parti E as flechas queimei junto à aljava Vejo agora que minha proteção era inútil Ela só me fazia fútil Me enganava a todo momento A felicidade me sorria, mas eu só via o sofrimento As dores e angústias jogo fora Preciso de espaço para o que importa Pois cr

É Passageiro

Eu ri, mas depois vi A vida como é Não sei se corro daqui Mas se correr, até

Escrevo...

Escrevo só para mim Coisas que deveria gritar O corpo diz "não", a mente, "sim" Eterna ferida a cicatrizar   Sei que nunca verei o fim E esse hábito há de me matar Nos versos o sangue jorra Nas estrofes, um coração pulsando Minh'alma jaz em uma masmorra Minha mente, constantemente me torturando Há dias em que deseja que eu morra E há outros em que só quer me ver lutando Uma caneta é minha espada Meu escudo, o papel Em um canto, pedaços de uma folha rasgada Em minha boca, o fel Assim segue esssa vida desgraçada Da qual sequer levarei um troféu Em sextilhas tento pôr para fora Toda essa dor que me consome Me desligo de tudo nessa hora Não tenho amigos, família ou nome Mas meu tempo acabou, pararei agora Meus monstros precisam saciar sua fome

Tentando

Mais uma tarde cinza Com um pensamento cinzento Talvez o mundo não precise saber Mas eu tento O desânimo teima Em ficar aqui, me bajulando Mas mesmo cansado, Aqui estou, tentando Se uma hora desisto, Não sei, confesso Um pouco menos disso e mais daquilo É tudo o que peço

Reflexo

Um sorriso se desfez Naquele dia de chuva Graças à um reflexo Visto na água turva E à agulhas que caíam Com força e crueldade Machucavam a pele sensível Maldita tempestade! A velocidade em que se movia Só aumentava a dor das pontadas Se apressava para chegar em casa E se livrar das roupas molhadas Pensou que ficaria doente Que teria uma gripe, uma pneumonia Mas até que sua saúde é forte Foram só 15 minutos de agonia

O Viajante

Com os olhos vermelhos e o peso da vida nas costas, ele caminha. Não se importa com os obstáculos, nao muda sua decisão de sempre andar em linha reta. Passa por buracos, barreiras, pessoas... Mas sempre segue em frente, mantém seus olhos no horizonte. A vida pesa a cada passo, a energia se esvai a cada centímetro, mas ele continua. Ignora a dor, ignora o cansaço, ignora suas limitações . Sempre com o olhar fixo no seu sonho. "Sonhos são sonhos e sempre sempre serão só sonhos" lhe disseram um dia, mas não se importava, preferia ignorar a realidade que lhe era tão cruel e injusta. Em seu mundo de ilusões e planos ele era feliz: não existia o cansaço, não existia a tristeza. Em alguns trechos do caminho ele parava, acenava à algumas pessoas que passavam, reparava em seus caminhos: uns quebrados, outros sinuosos, outros quase retos... Nunca chegara a ver um caminho como o seu - as trilhas se embaralhavam em alguns pontos, se uniam em outros, se separavam ao long

A Mulher de Preto

A face que vislumbrava Composta pela mais bela feição feminina Os lábios rubros que beijava Possuíam forma e textura divina Aqueles longos cabelos sedosos, Negros e hipnotizantes Caíam sobre um dos olhos manhosos Castanhos e cativantes Por ter em seus braços tamanha perfeição O mundo ao redor desaparecera Entregou-se de vez à paixão Se a tinha nos braços, merecera Gostava de provocar Seduzia, atiçava Mãos começaram a dançar Enquanto se entregava Acariciavam-se Sem pudor, sem discrição As chamas só aumentavam Queimavam em paixão Quando notaram, eram um só ser Pelo ventre unidos No ritmo frenético que aumentava o prazer Aguçava os sentidos Unhas rasgavam a pele Enquanto corpos se comprimiam Ele era dela, ela dele Extasiados jaziam

Erva Daninha

O que se faz longe dos olhos Sempre gera a oportunidade De desgraçados montarem os trilhos Que nos levam à insanidade Nossas cicatrizes aumentam a loucura Tememos sentir a mesma dor de antes Em nossas cabeças uma horrível pintura Não escondemos isso em nossos semblantes A desconfiança uma vez plantada Exige um cuidado delicado Muitas vezes não acontecera nada Mas sempre procuramos um culpado O ódio cresce em nossos corações Igual a uma erva daninha Ele começa a substituir outras emoções Maldita plantinha! O que plantamos sempre colhemos Mas às vezes colhemos o plantio de outros Conseguem interferir no modo como vivemos Mesmo estando a centenas de quilômetros Acabamos nos destruindo Por nunca nos darem uma certeza definitiva A coisas pioram conforme vão indo É difícil que algo sobreviva Benditos os que não se importam Que ignoram as cicatrizes Estes certamente não se matam Devem conseguir seguir felizes

Papelada

Não sou poeta Não sei rimar Só escrevo o que sinto O que me acontece nessa vida incerta A dor de não saber amar Se eu disser que sou poeta, minto Com palavras nunca fui bom Melhores que eu tantos são Sempre os invejei Eles devem ter um dom E me esforçando ou não No nível deles jamais chegarei Meus temas são fúteis Minha criatividade limitada Meus poemas são uma chatisse De tão chatos, inúteis Não passam de papelada A papelada da mesmice Não sei escrever Isso é verdade Mas o faço para amenizar minha dor A dor de viver De caminhar pela cidade Caminhar sentindo rancor Com rimas imperfeitas e pobres Escrevo meus desabafos Se não o fizer, eu morro São tantas as dores Que as separo em tufos Talvez isso seja um erro Sorte minha que nunca sonhei Em viver de poesia Isso nunca acontecerá Sinto pelos que têm o sonho que citei Pelos que acreditam nesssa fantasia Pois viver de poesia, ninguém viverá

Eu era

Eu era um homem mau Com morte no olhar E lâminas na boca De mente louca Sem intenção de amar Eu era um homem triste Usava uma pesada armadura Me sentia sempre sozinho Um pássaro fora do ninho Meu nome era amargura Eu era um homem estranho O que me dava prazer Eram manias irritantes Usar roupas berrantes Pensar ter algum poder Eu era um homem sem sorte Da vida só ganhava pancadas Os jogos sempre me levavam tudo Mas eu permanecia mudo Haviam outras jogadas Eu era um homem normal Com defeitos e qualidades Sonhava e planejava Odiava e amava Falava mentiras e verdades Ainda sou todos eles Muitos rostos em uma face Uma multidão de pessoas diferentes Sejam elas saudáveis ou doentes A cada dia um novo homem nasce