Postagens

Mostrando postagens de maio, 2013

Tudo Passa

Tudo passa Tudo Passa Tudo Passou Tudo Passado

Ausência

As perguntas sem respostas A quem só sabe deixar o cheiro São motores para mentes ansiosas De um ou outro caso fuleiro A espera nunca incomoda A quem vive se ausentando Não ter noção da falta que faz Aos poucos, muito vai machucando A exigência deve ser muita Ou a disponibilidade pequena Atenção pede socorro Anseia por vida amena

Inconstante Arrependimento Velho

“Tempus fugit” – disse o romano poeta “Et puniat” – complemento Agora somos jovens na inconstância Mas seremos velhos no arrependimento Há quem sempre se orgulhe Das coisas de sua juventude Batem o pé, dizem que fariam de novo Mesma vida, mesma atitude Mas há os que se envergonham, e muito Das loucuras feitas e dos momentos perdidos Só lamentam não ter uma segunda chance De viver o que deveriam ter vivido De loucuras e inconstância se faz o jovem Mas de mudança e consciência se faz o adulto Aos que sabem crescer, meu respeito Aos que nunca mudarão, meu luto

Melancolia

É sangue, vinho, café A mortalha sobre o nada A espada enferrujada A descrença, o abandono da fé Dor que vai e volta como a brisa Fria, quente, inconstante Castiga essa alma errante Pois é de punição que ela precisa Pergaminhos ensanguentados Em meio às garrafas, ao chão Pensamentos nas poças de vinho Humores quebrados Dores em vão Males em minha memória fizeram ninho As sombras me encaram Mas não ouso retribuir o olhar O ato é de matar Os sonhos que sobraram Não me apetece esquecer Não me importa lembrar Acontece que estive errado, todo esse tempo Para viver, é preciso sangrar

Lembranças

Há lembranças que são como cheiros: grudam em nossas roupas e, não importa quantas vezes você as lave, continuam impregnadas. Há lembranças que são como a tempestade em alto-mar: nos faz perder as direções exatas, podem nos afundar e o que mais queremos no momento é que ela vá embora. Há lembranças que são como uma palavra: podemos ouvi-la e utiliza-la frequentemente, ou nunca, mas ela sempre estará lá, gravada em nossa mente. Há lembranças que são como o fogo: de uma certa distância, é aconchegante e animadora, mas se nos aproximamos demais ou ficamos à ela muito tempo expostos, certamente sairemos com sequelas. Há lembranças que são como a água: não poderíamos viver sem, mas em contrapartida, não tem gosto, nem cheiro, só aceitamos pela necessidade. Há lembranças que são como a lua: sabemos que seu brilho é um reflexo de algo há milhares de milhas à distancia, mas as admiramos por sua beleza. Há lembranças que são como pessoas: tem vontade própria, fazem o que querem

Persona

P or uma vida lutei E agora, vejo o esforço que fiz, em vão R uinas sujas, muros decrépitos S ou o que me tornei O u aquilo em que me tornaram N ão tenho mais o que proteger, todos jazem perdidos A gora deixe-me escolher outra máscara

O Marquês de Púbol

"Todo dia, quando acordo de manhã, e x perimento a sensação única de ser Salvador Dalí." -Salvador Domingo Felipe Jacinto Dali i Domènech  T al homem foi esperto Por ser o personagem que criou Muitos ainda o consideram um gênio Pelo papel que interpretou Dinheiro pela Arte Ou Arte pelo dinheiro Movimentos e gestos ensaiados Um a tor nato, mas arruaceiro Aproveitou-se da recém-criada vanguarda Para se levantar de seu fracasso na arte Viu que o dinheiro chegaria fácil Maquinou, planejou, fez sua parte Denunciou verdadeiros surrealistas Na América , ao Macarthismo Disse que eram socialistas E aproveitou-se do capitalismo Enriqueceu, fez fama e sucesso De fato, foi bem sucedido Como go lpista e trai dor ganancioso Mas como artista, deveria ser esquecido

Areia

A estrada me parece interminável E nessa hora sinto falta do mar Mas minha escolha já foi feita Rumo ao interior, irei peregrinar Conforme vou caminhando Mais seco o solo se torna Quanto mais próximo estou do centro Mais sofro com a falta daquela água morna Em meio à rachaduras De um chão sem vida e surrado Imagino como seria Se o litoral eu não tivesse deixado As ondas ainda habitam minha mente Meu corpo sofre com este sol cruel Agora, sei que é preciso estar no inferno Para reconhecer o que era o céu

Hic Et Nunc

Relógio Ensina-me teu segredo Para medir as horas Que passam Ou estar certo Duas vezes ao dia Mesmo quando parado

Sombra

Eu não existo. Ou simplesmente não sinto isso. Tudo passa, tudo acaba, tudo tem um ponto final. O inevitável sempre está presente. O tempo passa, a vida murcha, os olhos perdem o brilho e os músculos atrofiam. E o que eu faço quanto a isso? O que eu fiz durante todo esse tempo? Uma ligação perdida, um sorriso contido, uma carta não enviada, um olhar evitado, uma palavra entalada, um ato desencorajado, uma derrota aceita, uma vida desperdiçada... Me afastando de quem está por perto, me tornando inacessível a quem está distante. Quando foi que comecei a ser assim? Quando foi que a vida se tornou tão morta? Nada é como antes, nada será como foi um dia. A aceitação é sempre uma Virgem de Nuremberg, onde cada fato é como uma espada que atravessa minha carne e resulta em uma hemorragia cruel e profunda. Já não tenho mais sangue para perder, mas não consigo parar de sangrar. Me escondo do mundo, me escondo dos que me procuram, me privo de sentir os raios d

47 Minutos

Eu não tinha interesses. Eu não tinha interesses por nada. Não fazia a mínima ideia de como iria escapar. Os outros, ao menos, tinham algum gosto pela vida. Pareciam entender algo que me era inacessível. Talvez eu fosse retardado. Era possível. - Charles Bukowski. "Levante-se" - dizia a si mesmo enquanto fazia um esforço sobre humano para abrir os olhos... Olhos estes que já viram muito: coisas agradáveis das quais jamais se esquecerá e também horrores que jamais serão apagados da memória. Viver é um peso, respirar um fardo, acordar todos os dias cansa e, não saber se sua luta vai valer mesmo a pena, uma crueldade. Sua briga para levantar-se da cama continua... Encara as paredes negras de seu quarto e as compara ao negrume de sua mente: tudo é obscuro, tudo é desfocado, tudo é confuso. Pensa no que já "viveu" até o momento, lembra o que fez e do que o fizeram. Pensar dói, pensar é penar. Ainda mais quando se te