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Desabafo

Versos fracos Palavras modestas Caminhando em cacos Rimas funestas Sempre atrasado Nunca sou visto Desarmado grito: Eu desisto!

Suor Noturno

Confundimos nossas pernas no bálsamo da madrugada Eram dois corpos, duas brasas, duas navalhas ligeiras E ao sentir o gosto do orvalho em minha boca molhada Minhas bochechas ficavam vermelhas Me banhando do suor nas tuas coxas de veludo Meus seios imaturos nas tuas mãos se arrepiavam Por um instante o meu gemido mudo Dava voz às almas penadas que de mim saltavam Você, me olhava de canto a canto ali na cama, nua Eu, escondia com os cabelos o rosto corado Você me fazendo sentir toda sua Eu te sentindo em meu corpo acoplado Aquele suor noturno escorrendo através das veias do meu pescoço marcado Pelas pontas afiadas da tua barba provocante Dizia sobre o prazer de estar ao teu lado E provar da tua penetragem vacilante Você me pervertia as vias respiratórias Com tua velocidade segura Escrevendo em minhas costas as tuas histórias Dançando teu Tango na minha cintura Não sabíamos exatamente sobre os riscos e o perigo Contemplando a perda da ino

Ver(so)

De linhas retas faz-se a estrada Palavras confusas, meu viajante favorito Marcas em meus papéis, sempre hemorrágicos Personas desumanas, frígidas Alter egos de múltiplas faces Lembranças falsas de vidas inexistentes Criações que personificam quem escreve Coisas estranhas, coisas da mente Seres que não esboçam nada Comumente, não há gesto algum descrito Unanimidade de finais trágicos Que se seguem após vidas hauridas Sentimentos constantes, alicerces Ora bons, ora indiferentes O que falta é quem os observe Ou, alguém que ao menos tente  

Fraqueza

Não tenho brilho Muito menos cor Não sei como suprir O que me falta, quem eu sou O dia é sempre negro A ausência solar é rotineira Não há luz que ilumine meus passos Nem curvas em meu caminho Na navalha, dou passos lentos Às cegas, sem saber quando cairei Perco as forças, rendo-me à dor Ao sangue saindo dos pés Prostro-me sobre a lâmina Reconheço, eu perdi Deixo minha carcaça secar E abraço o demônio a sorrir

Manhã de Dor

E na mais mal humorada das manhãs Meu sangue mistura-se com o ácido Veneno escorre de meus poros Dor de cabeça, incômodo Por onde passo contamino O que não sou capaz de destruir Apodreça, apodreça Como minha carne, teu escárnio Dor, dor, dor! Meu fôlego me abandona Facadas em meu crânio Enjoo Amargor e amargura vêm à tona Minha face é inexpressiva Estou frio Meu corpo, quiçá, vivo

Léxico

Uso palavras belas para seduzir, e nelas abrigo minhas malevolências: Pelo Ego é sempre mais fácil cativar. Não me importo com consequências, pois sempre consigo o que quero. Encanto, envolvo, domino. As mentes fracas querem que alguém, ou algo, lhes dê sentido para a vida e sempre tornam-se escravas de elogios, egocêntricas, vaidosas. Lhes arranco a carne e vejo suas almas feridas, ofereço-lhes a cura e as tomo para mim. Estão sempre ao meu alcance, escravas da minha opinião. Viciados em elogios, carentes de incentivo, desesperados por um pouco de atenção. Pessoas incertas trazem consigo uma profunda carência. Meia dúzia de elogios e palavras convincentes são o suficiente para lhes despertar interesse. Três ou quatro palavras de crítica lhes transformam em seus inimigos mortais. Palavras são baratas, mas eficientes.

Saudade

Saudade é o que se sente Quando nosso coração habita Outro corpo Mas esse corpo Está longe da gente

Ser

De persuasão a dificuldade vive, extorquindo a essência. A tristeza vem e vai, mas sempre fica: cada vez mais, pedaços acumulam e pesam. Não há tempo, não há pausa, não há repouso, não há ar. Não posso parar, não devo  parar. Você não deve, ninguém deve. O cansaço é rotina, a frustração é caminho: pancadas são constantes. E nessa pancadaria chamada vida não há esperança para os perdidos, nem descanso para os perversos. Só há o caminho, seja reto, seja curvo, com voltas ou direto. Estou sempre ritmado, com conquistas ou derrotas. Criado pelo ritmo da rotina, das boas notas, das carnificinas, monstruosidades, alegrias e felicidades... Mas sempre o mantendo. Permanecer no ritmo é sempre mais agradável por idolatrar a zona de conforto. Mudanças, às vezes necessárias, evito: "Mudar pra que? Não sou louco!" Meu prazer é ser assim. Minha inspiração é nunca mudar. Meus desejos são tristeza... Estático assim, mudando o pouco e prático. Me interesso pelo que ninguém conhece, m

Brownie

Palavras, sentenças e textos, todos vazios, na esperança de tirar dessa carcaça a escuridão. Atenção implorada, notoriedade exigida, olhares sobre mim (necessários), sobre quem sou ou, ao menos, digo ser. Meus pensamentos são cruéis: maliciosos por natureza, destruidores por prazer. Trazem à tona o pior de mim, o pior de todos, tudo. Desdenham livros, distorcem pessoas, humilham desejos e negligenciam almas. Sentir não é agradável e viver é um capengar incessante sobre ruas esburacadas e mal iluminadas. Cada passo traz consigo uma dor e, cada dor, memórias de vidas de personas vividas. Não há mais espaço para máscaras nas paredes de meu quarto. Não há mais espaço para nada. Minha coleção Paulo Coelho de livros me olha com ar de repúdio... "Et tu?" Meus projetos tomam meu tempo por completo e, a cafeína não mais surte efeito, nem defeito. Minhas músicas pedem socorro, meu violão está tão seco quanto meu peito. Minha arte é tudo o que sou. Minha vida é uma arte: perfeitam

Tudo Passa

Tudo passa Tudo Passa Tudo Passou Tudo Passado

Ausência

As perguntas sem respostas A quem só sabe deixar o cheiro São motores para mentes ansiosas De um ou outro caso fuleiro A espera nunca incomoda A quem vive se ausentando Não ter noção da falta que faz Aos poucos, muito vai machucando A exigência deve ser muita Ou a disponibilidade pequena Atenção pede socorro Anseia por vida amena

Inconstante Arrependimento Velho

“Tempus fugit” – disse o romano poeta “Et puniat” – complemento Agora somos jovens na inconstância Mas seremos velhos no arrependimento Há quem sempre se orgulhe Das coisas de sua juventude Batem o pé, dizem que fariam de novo Mesma vida, mesma atitude Mas há os que se envergonham, e muito Das loucuras feitas e dos momentos perdidos Só lamentam não ter uma segunda chance De viver o que deveriam ter vivido De loucuras e inconstância se faz o jovem Mas de mudança e consciência se faz o adulto Aos que sabem crescer, meu respeito Aos que nunca mudarão, meu luto