Lembranças
Há lembranças que são como cheiros: grudam em nossas roupas e, não
importa quantas vezes você as lave, continuam impregnadas.
Há lembranças que são como a tempestade em alto-mar: nos faz perder as
direções exatas, podem nos afundar e o que mais queremos no momento é que ela
vá embora.
Há lembranças que são como uma palavra: podemos ouvi-la e utiliza-la frequentemente,
ou nunca, mas ela sempre estará lá, gravada em nossa mente.
Há lembranças que são como o fogo: de uma certa distância, é aconchegante
e animadora, mas se nos aproximamos demais ou ficamos à ela muito tempo
expostos, certamente sairemos com sequelas.
Há lembranças que são como a água: não poderíamos viver sem, mas em
contrapartida, não tem gosto, nem cheiro, só aceitamos pela necessidade.
Há lembranças que são como a lua: sabemos que seu brilho é um reflexo
de algo há milhares de milhas à distancia, mas as admiramos por sua beleza.
Há lembranças que são como pessoas: tem vontade própria, fazem o que
querem e quando querem, não podemos controla-las e nem prendê-las.
Há lembranças que são como lembranças: precisamos de umas, lutamos
para nos livrar de outras, mas não seríamos o que somos hoje se não fossem
elas.
Existem lembranças e lembranças, recordações e traumas, felicidades e
tristezas...
Estão em constante frequência em nossa mente, ou são
despertas por uma rua, um nome, um olhar, uma pessoa, uma palavra, um poema, um
quadro, um filme, um texto, uma conversa...
Lembranças são uma dádiva e, ao mesmo tempo, uma maldição.
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