Brownie

Palavras, sentenças e textos, todos vazios, na esperança de tirar dessa carcaça a escuridão. Atenção implorada, notoriedade exigida, olhares sobre mim (necessários), sobre quem sou ou, ao menos, digo ser.
Meus pensamentos são cruéis: maliciosos por natureza, destruidores por prazer. Trazem à tona o pior de mim, o pior de todos, tudo. Desdenham livros, distorcem pessoas, humilham desejos e negligenciam almas. Sentir não é agradável e viver é um capengar incessante sobre ruas esburacadas e mal iluminadas. Cada passo traz consigo uma dor e, cada dor, memórias de vidas de personas vividas.

Não há mais espaço para máscaras nas paredes de meu quarto. Não há mais espaço para nada.
Minha coleção Paulo Coelho de livros me olha com ar de repúdio... "Et tu?" Meus projetos tomam meu tempo por completo e, a cafeína não mais surte efeito, nem defeito. Minhas músicas pedem socorro, meu violão está tão seco quanto meu peito.

Minha arte é tudo o que sou. Minha vida é uma arte: perfeitamente roteirizada, trabalhada, encenada. Perco o pudor que nunca tive de verdade, mas que ninguém sabia. Não há o que saber, não há o que acreditar, não há o que esperar, muito menos o que entender.

Encontro nas palavras certa fuga, tenra. Não posso fugir de quem sou, mas posso enganar muito bem. Contracenar sempre foi a melhor arte, com maquiagem negra, ou bigodes a lá anos 70, não importa. O personagem nunca importou, só a arte.
Fins justificam meios. Para criar é preciso destruir.

Cancelo minha rede de pensamentos em um café qualquer, falando com um qualquer, sobre assuntos quaisquer, enquanto termino de apreciar meu brownie.

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